Para a maioria das plantas o nitrogênio (N) é o principal macronutriente limitante para o crescimento vegetal. O nitrato (NO3-) e o amônio inorgânico (NH4+) são as principais formas de N absorvidos pelo sistema radicular das plantas. O N é um importante componente dos aminoácidos e proteínas, além de estar presentes em diversas outras macromoléculas e enzimas. A deficiência desse nutriente em plantas é caracterizada por sintomas de clorose, principalmente nas folhas mais velhas; baixo desenvolvimento e emissão de folhas, além da redução do perfilhamento em gramíneas.
Como as plantas obtêm nitrogênio para sua nutrição?
Algumas culturas conseguem obter N a partir da simbiose mutualística com bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico. Como exemplo, podemos citar a cultura da soja (Glycine max), onde parte do N extraído pela cultura é fornecida pelo solo (25 a 35%) e parte pela fixação simbiótica do N2 atmosférico (65 a 85%) (Vitti e Trevisan, 2000). Esse processo de obtenção de N atmosférico através da simbiose entre plantas leguminosas e bactérias noduladoras (Bradyrhizobium spp.) é denominado de fixação biológica de nitrogênio (FBN). Outras leguminosas, como o feijão-preto e feijão-caupi, também obtém a maior parte do N a partir da FBN.
Em contrapartida, para suprir a demanda de N exigida pelas culturas agrícolas não leguminosas (ex: milho, trigo, arroz, cevada, etc) é necessário o uso de fertilizantes. Os fertilizantes podem ser orgânicos ou inorgânicos, contudo, o uso das formulações inorgânicas é a mais empregada na agricultura, principalmente por possuírem maiores teores de N nas formulações. Atualmente existe uma grande diversidade de fertilizantes nitrogenados disponíveis no mercado, como por exemplo, a ureia (45% N), sulfato de amônio (21% N), nitrato de potássio (13% N), nitrato de amônio (32% N), fosfato diamônio-DAP (16 % N), entre outros.

Como e quando devo aplicar o nitrogênio no solo?
A eficiência da aplicação dos fertilizantes nitrogenados depende de diversos fatores, como a cultura, o estádio fenológico da planta e a formulação do fertilizante. O primeiro passo é conhecer quais são os momentos críticos que a planta mais necessita de N para o seu desenvolvimento. Apesar de que as plantas precisam de N durante todo o seu ciclo de vida, existe alguns estádios do desenvolvimento onde o N é demandando em maiores quantidades. Por exemplo, para a cultura do milho, a maior absorção de N (~60%) ocorre até o florescimento, sendo que alguns componentes de rendimento são definidos no estádio V5 e após o estádio V7 ocorre uma explosão de crescimento na cultura (Yamada e Abdalla, 2000). Então, a adubação nitrogenada de cobertura deve ser realizada ligeiramente anterior a esses momentos (V3 a V6), para que o N esteja presente no solo e as raízes consigam absorver a quantidade de N demanda pela cultura.
Em segundo, é importante conhecer as características do fertilizante para otimizar a sua eficiência. Os adubos nitrogenados podem possuir alta mobilidade no ambiente. Por exemplo, a aplicação de N-amoniacal pode resultar na perda de N por volatilização da amônia (NH3) ou através da lixiviação de NO3- após a nitrificação do NH4+ no ambiente solo. Assim, devido a elevada concentração de N nos fertilizantes nitrogenados e devido a sua mobilidade no ambiente, é recomendo a aplicação parcelada desses adubos para evitar perdas por volatilização ou lixiviação. Além disso, a adubação parcelada é uma estratégia para aumentar a probabilidade de as raízes obterem N do solo nos momentos mais críticos do desenvolvimento.
Referências:
Vitti GC, Trevisan W. Manejo de macro e micronutrientes para alta produtividade da soja. Informações Agronômicas, nº 90, Junho/2000.
Yamada T, Abdalla SRS. Como melhorar a eficiência da adubação nitrogenada do milho? Informações Agronômicas, nº 91, Setembro/2000.

Me. Rodrigo Ferraz
Pesquisador da área de Nutrição de Plantas
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